Soldagem
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O termo "SOLDAGEM" engloba uma ampla gama de processos utilizados na fabricação e restauração de peças, equipamentos e estruturas. Embora tradicionalmente a soldagem seja vista como um método de união, nos dias atuais, muitos processos de soldagem ou suas variações são empregados para depositar material em uma superfície, com o propósito de reparar peças desgastadas ou criar revestimentos com propriedades específicas.
Uma das definições de soldagem:
Operação que visa obter a união de duas ou mais peças, assegurando na junta a continuidade das propriedades físicas e químicas.
Terminologia da soldagem:
Chamamos de solda o resultado do processo de união das peças. O material das peças que estão sendo unidas é chamado de metal de base. Em muitos casos, especialmente na soldagem por fusão, um material adicional, conhecido como metal de adição, é utilizado para formar a solda. Durante o processo de soldagem, a fonte de calor funde o metal de adição, que se combina com uma porção do metal de base também fundido, formando o que é chamado de poça de fusão.
Chama-se junta a região onde as peças serão unidas por soldagem.
Os sulcos ou cortes na superfície das peças que serão unidas, e que criam o espaço onde a solda será aplicada, são conhecidos como chanfros.
A zona fundida (ZF) de uma soldagem é composta pelo metal de solda, que resulta da fusão da porção do metal de base e do metal de adição. A parte do metal de base que sofre mudanças em sua estrutura e propriedades devido ao calor gerado durante o processo de soldagem é denominada zona termicamente afetada (ZTA).
A zona fundida pode ser composta por um ou vários passes de solda depositados em uma sequência específica e organizados em camadas, que consistem em passes de solda localizados na mesma altura ao longo da junta. Em diversas situações, o termo "cordão" é utilizado, às vezes referindo-se à própria solda e, em outros casos, ao passe de solda individual.
Segurança na soldagem:
As operações de soldagem e corte envolvem altas temperaturas, exposição à luz intensa, radiação eletromagnética, risco de contato com partículas metálicas incandescentes (respingos), além do risco de choque elétrico. Para que o soldador se proteja desses perigos, é necessário o uso de roupas e equipamentos específicos que cubram e protejam o corpo, a cabeça e os olhos, ao mesmo tempo em que permitem movimentação livre. Essas medidas visam reduzir o risco de queimaduras e outras lesões.
Arco elétrico:
O arco elétrico é uma descarga elétrica que se mantém por meio de um gás ionizado a alta temperatura, denominado plasma. Esse fenômeno é capaz de gerar uma quantidade significativa de energia térmica, o que o torna conveniente na soldagem, pois possibilita a fusão localizada das peças que estão sendo unidas.
Processos de soldagem:
Esses são apenas alguns exemplos dos muitos processos de soldagem disponíveis:
Soldagem por Arco Elétrico com Eletrodo Revestido (SMAW)
Soldagem TIG (GTAW - Gas Tungsten Arc Welding)
Soldagem MIG/MAG (GMAW - Gas Metal Arc Welding / MAG - Metal Active Gas Welding)
Soldagem por Arco Submerso (SAW - Submerged Arc Welding)
Soldagem por Resistência (RW - Resistance Welding)
Soldagem a Laser
Soldagem a Plasma
Soldagem por Feixe de Elétrons
Soldagem por Fricção
Soldagem por Ultrassom
Cada um desses processos de soldagem possuem peculiaridades, vantagens e desvantagens. Nesta apostila, apenas dois desses processos serão detalhados: a soldagem com eletrodo revestido (SMAW) e a soldagem TIG (GTAW).
Soldagem com eletrodo revestido:
A soldagem a arco com eletrodo revestido (Shielded Metal Arc Welding-SMAW) é um processo que produz a união entre metais pela fusão destes com um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metálico revestido e a peça que está sendo soldada. O processo é mostrado esquematicamente na Figura 8.
O eletrodo revestido consiste em uma vareta metálica, chamada "alma", que conduz a corrente elétrica e se funde fornecendo metal de adição para enchimento da junta. A alma é recoberta por uma mistura de diferentes materiais, numa camada que forma o "revestimento" do eletrodo. Este revestimento tem diversas funções na soldagem, principalmente:
estabilizar o arco elétrico;
ajustar a composição química do cordão, pela adição de elementos de liga e eliminação de impurezas. O revestimento do eletrodo possui em sua composição pós metálicos que durante o processo de soldagem são fundidos e incorporados ao cordão de solda;
proteger a poça de fusão e o metal de solda contra contaminação pela atmosfera, através da geração de gases e de uma camada de escória. O revestimento possui em sua composição elementos que durante a soldagem liberam gases e estes, envolvendo a poça de fusão a isolam do contato com a atmosfera.
Equipamentos necessários:
Consumíveis:
Na soldagem a arco com eletrodo revestido, o único consumível envolvido no processo é o eletrodo revestido.
O sistema de identificação de eletrodos de aço carbono e baixa liga pela AWS (American Welding Society) emprega uma combinação de números e letras que fornecem diversas informações sobre esses eletrodos.
O eletrodo E6013 é atualmente o mais utilizado na soldagem de aços carbono.
Cuidados com o eletrodo revestido:
Os eletrodos revestidos necessitam de alguns cuidados para que tenham uma maior durabilidade e sejam eficientes no momento da soldagem. São essas:
Armazenamento: Mantenha os eletrodos revestidos em embalagens hermeticamente fechadas e secas para evitar a absorção de umidade, o que prejudica a qualidade da solda.
Seleção do Eletrodo: Escolha o eletrodo correto para a aplicação, levando em consideração o tipo de metal base, espessura do material e as propriedades desejadas da solda.
Manuseio: Evite deixar os eletrodos caírem ou sofrerem qualquer impacto, pois o revestimento é bastante frágil e pode se desfragmentar deixando a alma sem revestimento em algumas seções do eletrodo.
Técnica operatória:
As principais variáveis no processo SMAW são o valor da corrente de soldagem, o valor da tensão, tipo e espessura do eletrodo, tipo e polaridade da corrente.
A espessura do eletrodo é diretamente proporcional à quantidade de material depositado por tempo (taxa de deposição) e ao valor máximo e mínimo da corrente de soldagem.
A corrente de soldagem é diretamente proporcional ao calor gerado pelo arco elétrico, sendo assim quanto maior a corrente, maior é a penetração da solda e taxa de deposição.
O valor da tenção influencia diretamente na facilidade de abertura do arco elétrico e distância máxima entre o eletrodo e a peça. quanto maior a tensão mais fácil é abrir o arco e também mantê-lo .
O tipo de corrente e sua polaridade afetam a forma e as dimensões da poça de fusão, a estabilidade do arco e a transferência de metal de adição, como mostra a Figura M. De uma maneira geral, a polaridade inversa "CC+" (corrente contínua com o eletrodo no polo positivo) produz maior penetração, e a polaridade direta "CC-" (corrente contínua com o eletrodo no polo negativo) produz maior taxa de fusão do eletrodo. Com corrente alternada "CA", estes valores são intermediários, e a ocorrência de sopro magnético é minimizada. Entretanto, deve-se lembrar que a escolha do tipo e valor de corrente não é totalmente livre e depende do tipo e diâmetro do eletrodo a ser usado na operação.
Abertura do arco:
Para abrir o arco elétrico o soldador gera um curto circuito encostando o eletrodo na peça de trabalho, isso pode ser feito de diversas formas, uma das mais utilizadas é raspar o eletrodo na peça e em seguida distanciar o eletrodo até a distancia de soldagem.
Durante a execução da solda o soldador deve fazer tres movimentos principais:
Mergulho do eletrodo, isto é, movimento do eletrodo em direção a poça de fusão a medida que o eletrodo se funde e diminui, visando manter constante o comprimento do arco elétrico.
Movimento de translação, esse movimento se refere ao deslocamento do eletrodo ao longo do comprimento da junta de soldagem, com uma velocidade uniforme (velocidade de soldagem).
Movimento de tecimento ou padrão de tecimento, esse movimento do eletrodo ocorre na largura da junta de soldagem, o padrão de tecimento garante a fusão das paredes da junta, aumenta a largura do cordão, aumenta a diluição da ZF e auxilia a flutuação da escoria.
Nos vídeos abaixo é possível adquirir maior noção operacional do processo de soldagem com eletrodo revestido.
Fonte de energia:
Porta eletrodo e grampo: